A MULHER GORDA E OS SISTEMAS DE OPRESSÃO: UMA ANÁLISE DA PERSONAGEM PENELOPE (BRIDGERTON)

📚 A Mulher Gorda e os Sistemas de Opressão: Uma Análise da Personagem Penelope em Bridgerton

Resumo: Este trabalho analisa a personagem Penelope do universo ficcional Bridgerton para refletir sobre os sistemas de opressão que mulheres gordas enfrentam na sociedade. Partindo do contexto da aristocracia londrina do século XIX, o estudo relaciona essas questões com a contemporaneidade, utilizando conceitos como “cativeiros” de Lagarde (2015) e o “mito da beleza” de Wolf (1992).

🔍 Introdução

A mídia desempenha um papel crucial na formação das subjetividades, produzindo imagens, significados e estereótipos que ensinam modos de ser e estar no mundo. Nesse contexto, escolhemos analisar a personagem Penelope de Bridgerton – uma mulher gorda na aristocracia do século XIX – para discutir como os sistemas de opressão atuam sobre corpos que fogem ao padrão de beleza hegemônico.

Nos livros originais, Penelope só conquista o amor de Colin após emagrecer, enquanto na série da Netflix ela casa sem mudar seu corpo – diferença que gerou importantes debates sobre representatividade. Essa análise não compara as duas versões, mas usa a personagem como estudo de caso para entender como a opressão atua sobre mulheres gordas em diferentes contextos históricos.

⛓️ Os Cativeiros das Mulheres

Segundo Lagarde (2015), ser mulher significa viver em cativeiros – espaços de opressão criados por normas sociais que definem comportamentos aceitáveis. Esses cativeiros incluem:

  • Mães e esposas: Aprisionadas à maternidade e ao casamento
  • Freiras: Controladas pelo tabu da sexualidade
  • Prostitutas: Destinadas ao prazer masculino
  • Presas: Confinadas pelo sistema penal
  • Loucas: Internadas por desafiar normas de gênero

Para nossa análise, focaremos especialmente no cativeiro mãesposa (que destina todas as mulheres ao casamento e à maternidade) e no cativeiro da beleza (que impõe padrões corporais inatingíveis).

💍 O Cativeiro Mãesposa

Desde a infância, meninas são ensinadas que sua realização está no casamento e na maternidade. Historicamente, o matrimônio era um acordo comercial para manter fortunas familiares – prática que permaneceu mesmo com o surgimento do “amor romântico”. Para mulheres como Penelope em Bridgerton, não conseguir casar significava fracasso social e a condenação ao rótulo de “solteirona”.

💄 O Cativeiro da Beleza

Wolf (1992) mostra como o “mito da beleza” serve para controlar mulheres, especialmente através da imposição do corpo magro como ideal. A cada avanço feminino na conquista de direitos, novos padrões de beleza surgem como formas de opressão. Para mulheres gordas como Penelope, isso significa ser marginalizada por não corresponder ao padrão – e ainda ser culpada por esse “fracasso”.

🎭 Penelope Featherington em Bridgerton

Penelope é apresentada como uma jovem insegura com seu corpo, forçada a debutar na sociedade aos 17 anos mesmo sem se sentir preparada. Seu trecho de apresentação no livro é revelador:

“No dia 10 de abril de 1813 – dois dias após o seu aniversário de 17 anos – Penelope Featherington debutou na sociedade londrina. Ela não o quisera. Implorara à mãe que a deixasse esperar um ano. Estava pelo menos 12 quilos acima do peso e ainda tinha a péssima tendência a desenvolver um monte de espinhas no rosto sempre que ficava nervosa” (Quinn, 2014, p.14).

Ao contrário de suas irmãs, Penelope não recebe nenhuma proposta de casamento em onze temporadas sociais, tornando-se uma “solteirona” aos 28 anos. Sua mãe, Portia, deixa claro que a considera um fracasso:

“uma moça sem perspectivas de matrimônio não vale o tempo nem a energia que lhe custam para oferecer conselhos de moda” (Quinn, 2014, p.26).

✍️ Lady Whistledown: A Fofoca Libertadora

Por trás da jovem insegura, Penelope esconde um segredo: ela é Lady Whistledown, autora de um jornal de fofocas que desafia a aristocracia londrina. Através desse pseudônimo, Penelope:

  • Ganha independência financeira (algo raro para mulheres da época)
  • Expressa suas opiniões sem restrições
  • Desafia normas sociais que a oprimem

Mesmo após casar-se com Colin (no livro, após emagrecer; na série, mantendo seu corpo), Penelope enfrenta conflitos por seu sucesso como escritora – mostrando como mesmo rompendo alguns cativeiros, mulheres ainda enfrentam resistência quando desafiam papéis de gênero.

💡 Considerações Finais

A análise de Penelope revela o que podemos chamar de cativeiro da mulher gorda – um sistema de opressão específico que marginaliza corpos fora do padrão. Se no século XIX isso significava não conseguir casar, hoje se manifesta na solidão da mulher gorda, na fetichização de seus corpos ou na limitação de papéis que lhes são oferecidos na mídia.

A personagem nos convida a refletir sobre como os sistemas de opressão se atualizam, mas mantêm sua essência: controlar corpos femininos. Seja através do casamento obrigatório no passado ou dos padrões de beleza atuais, a mensagem é clara: mulheres devem se encaixar em moldes pré-determinados – e aquelas que fogem a esses moldes pagam um preço social.

🌐 Como a Chemteq Solutions Pode Aprofundar Essa Análise

Assim como este trabalho analisou criticamente a representação da mulher gorda na mídia, a Chemteq Solutions oferece ferramentas para organizações que desejam:

  • Analisar representações de gênero em conteúdos midiáticos
  • Mapear discursos sociais sobre corpo e beleza
  • Identificar padrões de opressão em diferentes contextos
  • Desenvolver campanhas conscientes sobre diversidade corporal
  • Monitorar impactos de representações midiáticas

Na era da informação, entender como corpos são representados e regulados é crucial para construir uma comunicação verdadeiramente inclusiva. A Chemteq Solutions oferece as ferramentas para transformar análises críticas em estratégias eficazes de comunicação e mudança social.

🔍 Conheça nossas soluções: https://chemteqsolutions.com/nossos-servicos

🔗 Referência: PEREIRA, Laura Gomes Vitor. A mulher gorda e os sistemas de opressão: uma análise da personagem Penelope (Bridgerton). UFRN, 2025.

Fonte: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/62128

Compartilhar:

Artigos Relacionados

Respostas